SOLAR DO FERREIRO TORTO: DEPOIMENTO |
Valério Mesquita*Mesquita.valerio@gmail.com
A história de sua reconstrução começou efetivamente em 1974, na oportunidade em que fui prefeito de Macaíba, desapropriei toda a área que circundava os escombros do sobradão. Foi aí que comprei uma longa briga com a família da viúva Machado proprietária da terra. A questão foi ajuizada e com coragem mantive a decisão encomendando um projeto de reconstrução ao escritório do arquiteto Airton Vasconcelos que se valeu das fotos existentes e das dicas dos habitantes mais antigos da cidade. Em 1975, deixei a prefeitura para assumir a presidência da Emproturn. Nessa estatal, no governo de Tarcisio Maia, enfrentei nova contenda com o então Diretor Administrativo e Financeiro ex-deputado Francisco Revoredo que defendia a alocação de um recurso no valor de um milhão de cruzeiros, à época disponível, para Mossoró, enquanto eu o direcionei para a reconstrução do Ferreiro Torto, em Macaíba. A divergência ganhou as manchetes dos jornais. E por fim, com o voto de desempate do então diretor técnico Valmir Targino, fomos vitoriosos. Procurei o presidente da Fundação José Augusto Sanderson Negreiros. E, através de convênio, a Emproturn repassou a importância para o órgão cultural responsável afim de adaptar, ampliar ou suprimir o projeto técnico antes elaborado. Muitas dificuldades junto ao Patrimônio Histórico foram, em seguida, enfrentadas em Recife. O IPHAN restaurava monumentos mas não os reconstruía. Era a lei. Polêmicas e mais polêmicas foram travadas mas ao final prevaleceu os critérios da equipe técnica da Fundação José Augusto chefiada pelo arquiteto Paulo Heider Feijó. Reconstruído o Solar, foi inaugurado em 1979, pelo governador Tarcisio Maia e Franco Jasiello novo presidente da Fundação José Augusto, com a presença do governador do Pará, doutor Aloísio Chaves, parente próximo de João Chaves que morou e faleceu no Ferreiro Torto. Esses fatos não podem ser esquecidos. Quando se falar em Solar do Ferreiro Torto devemos nos lembrar que sem a decisão inaugural e obstinada de desapropriar a área, conseguir os recursos e arrostar as dificuldades que se impuseram contra a reconstrução, não teriam ocorrido as restaurações posteriores encetadas nas gestões dos prefeitos: Odiléia Mércia da Costa (duas vezes), Mônica Dantas, Luiz Gonzaga Soares e, por último, Fernando Cunha. Todos, igualmente, credores do respeito e da preocupação com o passado histórico da velha Macaíba. Reconstrução é uma coisa e restauração é outra. (*) Escritor. |
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