JOSIAN FLORENCIO DA SILVA

JOSIAN FLORENCIO DA SILVA

quarta-feira, 16 de maio de 2012

Mídia e política no país dos absurdos, por Bruno Lima Rocha

Política

Mídia e política no país dos absurdos, por Bruno Lima Rocha


As duas últimas edições da boa revista Carta Capital (dirigida pelo jornalista Mino Carta) apresentam em suas capas um tema urgente da mídia e política brasileira.Trata-se da acusação (e de ser acusado) da alcunha de “chapa branca”, ou de jornalismo oficial.
Isto se dá quando a linha editorial termina por representar também os interesses e alinhamentos junto ao governo de turno ou as estruturas da pirâmide social. A partir da posse de Luiz Inácio, dois blocos midiáticos tornaram-se rivais.
Os jornalistas e empresas simpáticas ao governo de centro-esquerda cunharam o termo de PIG. Esta é uma sigla pejorativa, derivada do inglês “porco”, significando o Partido da Imprensa Golpista.
Segundo os rivais, estes seriam os grupos majoritários da mídia brasileira, alinhados com o Instituto Millenium, organizados nas associações patronais das distintas plataformas midiáticas (radiodifusão, jornais e revistas).
Já o outro grupo, mais carente em homogeneidade do que oprimeiro, também poderia ser chamado de PIG2, ou o Partido da Imprensa Governista. Isto porque, embora teçam críticas pontuais aos mandatos da atual presidenta e do ex-presidente, termina por se alinhar de forma mais ou menos explícita com as decisões do Planalto.
É curioso notar dois conflitos de linha política. Nos ajustes macro-econômicos, embora o chamado PIG teça críticas, o PIG2 e sua proposta de desenvolvimento produtivo estão contemplados. Redução da taxa de juros, política de pleno emprego, formalização do mundo do trabalho e acesso ao crédito são demandas históricas de um capitalismo menos selvagem, hoje praticado no Brasil.
Já o bloco de sustentação do presidencialismo de “coalizão orçamentária”, tem no PIG2 um adversário. Isto porque nas duas casas parlamentares temos uma sobrerepresentação de donos ou controladores de mídia. Embora a lei não permita, o coronelismo eletrônico se materializa no controle que políticos profissionais têm na radiodifusão nacional, reproduzindo em estados e regiões o modelo de rede e cabeça de rede (network), sendo justamente retransmissores do chamado PIG.
A mídia mais alinhada ao atual governo vê o mandato ser sustentado por aliados e parceiros econômicos de seus maiores rivais e concorrentes. Já os grupos majoritários são contemplados nas pastas de seu interesse, tampouco sendo ameaçados com a regulamentação dos artigos 220 a 224, do Capítulo 5 (Comunicação Social) da Constituição Federal de 1988.
É mais uma contradição da contradição no país dos absurdos!

FONTE : Bruno Lima Rocha é cientista político

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